Oficinas do metro não têm condições para tram-train


[Jornal de Notícias]
- Quarta-feira, 2 de Maio de 2007
Imagem virtual dos tram-train que deverão circular ao serviço da Metro do Porto

Hugo Silva

A Metro do Porto vai gastar mais 4,3 milhões de euros em obras de alargamento e de adaptação do Parque de Manutenção e Oficinas (PMO) de Guifões, em Matosinhos, para os veículos tram-train. As composições especiais (mais lugares, mais cómodas e mais rápidas) adquiridas para as linhas da Póvoa e da Trofa obrigarão a empresa a desembolsar mais dinheiro, uma vez que as instalações oficinais não estão preparadas para as acolher. O concurso público lançado para a realização da empreitada já foi publicado em Diário da República.

Os primeiros Flexity Swift deverão ser entregues à Metro do Porto no final do primeiro trimestre do próximo ano. No total, os 30 veículos representam um investimento de 115 milhões de euros. Ao contrário do que aconteceu com os actuais veículos do metro - Eurotram -, que foram construídos em Portugal, os tram-train estão a ser produzidos na Alemanha. Apenas a montagem final será executada em solo nacional, nas instalações da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), também em Guifões.

A chegada de 30 novas composições aumentará, de forma significativa, a actual frota da Metro do Porto, constituída pelos 72 Eurotram a operar nas cinco linhas em funcionamento. O PMO de Guifões não tem condições para o aparcamento e posterior manutenção dos tram-train (responsabilidade da Bombardier, durante cinco anos) uma vez que são veículos com características distintas dos que estão actualmente ao serviço da Metro.

Prazo de 10 meses

Será necessário proceder, então, a uma série de trabalhos nas instalações de Guifões. Os investimentos necessários estão discriminados no próprio texto do concurso 1,1 milhões de euros para o torno de fosso; 750 mil euros para macacos de elevação; 800 mil euros para equipamento da estação de serviço; 600 mil euros para uma câmara de aspiração; 450 mil euros para equipamento de concepção/construção e 650 mil euros para ferramentas.

Tendo em conta que a abertura das propostas está marcada para o primeiro dia de Junho, a escolha do vencedor e posterior adjudicação só ocorrerá no segundo semestre deste ano. Como o prazo para a realização da empreitada é de 10 meses, também só segundo semestre do próximo ano é que o PMO de Guifões deverá estar totalmente preparado para acolher os Flexity Swift.

Os tram-train que vão circular nas linhas da Metro do Porto representam uma evolução das que já circulam, há alguns anos, em Saarbrucken (Alemanha) e em Croydon (Inglaterra).

O processo de aquisição das composições ficou marcado pela polémica. O primeiro concurso lançado pela Metro do Porto chegou mesmo a ser anulado, após a intervenção do Governo, devido aos elevados custos.


Veículos especiais vão alimentar a rede

Os 30 veículos tram-train, que circularão "prioritariamente" nas linhas da Póvoa e da Trofa, vão custar 115 milhões de euros. A maior capacidade (100 lugares sentados, mais 20 do que os actuais veículos) e a possibilidade de atingir velocidades mais elevadas (atinge os 100 quilómetros por hora, mais 20 quilómetros por hora do que os Eurotram) são as duas principais vantagens das novas composições. Aquando da assinatura do contrato com o consórcio que vai fornecer os Flexity Swift, a Empresa do Metro do Porto sublinhou, ainda, as vantagens ambientais dos veículos servirão para ajudar a alimentar toda a rede.

"A energia usada na tracção eléctrica dos Flexity é parcialmente recuperada durante a frenagem, funcionando os motores como geradores e aproveitando a energia cinética do veículo. Esta energia é devolvida à rede podendo, assim, ser usada por outros veículos", explicou a empresa. Ainda de acordo com a Metro, estima-se que será possível recuperar cerca de 30% do total de energia consumida.

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